Fundador da Safernet Brasil denuncia ameaças de morte e se exila do país

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O fundador e presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, está atualmente autoexilado na Alemanha devido a ameaças de morte que recebeu após um evento sobre desinformação nas eleições em que citou a atuação de grupos neonazistas. A situação se agravou com a confirmação de que seu computador estava infectado pelo malware Pegasus, amplamente utilizado para a vigilância de ativistas e defensores dos direitos humanos. A decisão de Tavares de deixar o país foi reafirmada em uma carta que endereçou aos funcionários e organizações parceiras da Safernet, onde ele destaca o “grave e iminente risco” à sua vida.

Fundador da Safernet menciona “grave e iminente risco”

Na carta, Tavares se mostrou preocupado com a sua segurança, mencionando que vem sofrendo ameaças de morte devido à sua atuação como acadêmico na defesa dos direitos digitais. Durante um evento realizado no dia 26 de novembro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele abordou questões relacionadas a discursos de ódio e a atuação de grupos neonazistas no Brasil, afirmando que existem “centenas de células extremistas” ativas no país.

“Esses grupos não aceitam a diversidade e promovem o ódio contra indivíduos baseados em suas características pessoais, sejam raça, religião ou orientação sexual”, ressaltou Tavares em sua apresentação. A gravidade do cenário ativou alarmes tanto a nível nacional como internacional, considerando o histórico de violência por parte de tais grupos no Brasil.

No entanto, o cenário ficou ainda mais preocupante após a descoberta de que o MacBook Pro de Tavares estava comprometido por um dos softwares de espionagem mais sofisticados do mundo. O malware Pegasus, fabricado pela empresa israelita NSO Group, tem sido utilizado globalmente para monitorar ativistas, jornalistas e defensores dos direitos humanos, o que levanta questões sérias sobre a proteção dos direitos digitais no Brasil.

Funcionário da Safernet foi sequestrado por criminosos

Em um momento infeliz, no mesmo dia em que a infecção foi confirmada, um familiar de Tavares sofreu um acidente sério ao ser atingido por um veículo ao desembarcar de um Uber em Salvador, que resultou em um traumatismo cranioencefálico. A situação se complica ainda mais com o relato de sequestro de um funcionário da Safernet, que foi vítima de criminosos armados na mesma cidade, resultando na roubo de seus pertences pessoais.

“Eu estava a apenas 800 metros do local do incidente”, comentou Tavares, referindo-se ao clima de insegurança crescente enfrentado pela equipe da Safernet. Este caso específico também teria uma motivação LGBTfóbica, conforme destacado em sua carta, o que ilustra a diversidade dos tipos de violências que os defensores dos direitos humanos estão enfrentando no Brasil.

O autoexílio de Tavares, segundo ele, não será permanente, mas uma medida necessária para a sua segurança. Ele afirma que o direito ao exílio é reconhecido internacionalmente, sendo uma alternativa para aqueles que se sentem ameaçados. O autoexílio é uma questão complexa envolvendo direitos humanos e segurança, e Tavares tem chamado a atenção para a gravidade da situação que enfrenta.

As autoridades brasileiras, incluindo a Polícia Federal e o Ministério Público, foram notificadas sobre os incidentes e a necessidade urgente de proteção de Tavares e sua equipe. Ele chegou à Alemanha no último sábado, 4 de dezembro, em busca de segurança e vigilância adequada.

Pesquisadores lamentam exílio do fundador da Safernet

Sua saída do Brasil gerou reações imediatas na comunidade acadêmica e entre defensores dos direitos digitais. Rafael Zanatta, diretor do Data Privacy BR, expressou sua preocupação em suas redes sociais, afirmando que a situação exige atenção urgente de todos os envolvidos com direitos digitais. Já Mariana Valente, diretora do Internet Lab, destacou o impacto profundo da infecção de seu computador e a urgência em esclarecer como isso foi possível.

A situação de Thiago Tavares não é um caso isolado, mas serve como um alerta sobre os riscos enfrentados por defensores dos direitos humanos e da livre expressão no Brasil. O cenário atual de polarização política e o aumento da violência por grupos extremistas reforçam a importância de se manter a vigilância sobre os direitos digitais e as liberdades civis. Em tempos de incerteza, a resistência e a solidariedade se fazem mais necessárias do que nunca.

Os acontecimentos em torno de Tavares refletem um panorama mais abrangente onde ativistas se tornam alvos em ambientes onde a liberdade de expressão encontra resistência. Medidas de segurança e apoio são essenciais para que possam continuar sua missão em defesa dos direitos digitais e da humanização no digital.

Os relatos de perseguição e intimidação enfrentados por Tavares e sua equipe são um chamado à ação para todos que valorizam a liberdade, os direitos humanos e o respeito à diversidade em todas as suas formas. Com informações: Folha de S.Paulo

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