Recentemente, o Banco Mundial divulgou previsões que apontam para uma queda nos preços globais de commodities, com reduções significativas esperadas para 2025 e 2026. O relatório, denominado Perspectivas dos Mercados de Commodities, destaca um possível declínio de 12% em 2025 e mais 5% em 2026, atingindo níveis não vistos na última década, levando em conta a inflação.
De acordo com o documento, essa mudança nos preços é amplamente atribuída ao enfraquecimento do crescimento global, acentuado por tensões comerciais e outros fatores econômicos recentes. Após um aumento considerável nos preços das commodities, impulsionado pela recuperação econômica pós-pandemia e pela invasão da Ucrânia pela Rússia, os números atuais sinalizam o fim de um ciclo de altas.
A queda nos preços pode trazer um alívio temporário para a inflação em curto prazo, especialmente em face de novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e da crescente proteção comercial mundial. Contudo, essa situação apresenta desafios também, particularmente para as economias em desenvolvimento que dependem da exportação de commodities.
O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, enfatizou a dualidade do impacto que os preços mais altos das commodities tiveram em diversas economias. “Enquanto dois terços das economias em desenvolvimento se beneficiaram do aumento, a alta volatilidade dos preços, que não se via há mais de cinquenta anos, traz questões complexas”, ponderou Gill.
O relatório também destaca que a combinação de preços voláteis com um cenário de queda pode levar a problemas significativos para esses países. Para mitigar os impactos, recomenda-se a liberalização do comércio, restauração da disciplina fiscal e a criação de um ambiente mais atrativo para investimentos privados.
Além da previsão de queda nos preços de commodities, o aumento dos preços de energia em 2022 contribuiu para uma inflação global mais alta, adicionando mais de dois pontos percentuais ao índice inflacionário. No entanto, a expectativa é que a redução nos valores das commodities em 2023 e 2024 traga um respiro à situação econômica mundial.
Especificamente no que diz respeito aos preços da energia, a previsão é uma queda de 17% em 2025, alcançando o seu menor patamar em cinco anos, com uma nova redução de 6% prevista para 2026. Para o petróleo bruto Brent, a média de preços deve cair para aproximadamente US$ 64 (cerca de R$ 360,76) por barril em 2025, e US$ 60 (aproximadamente R$ 338,21) em 2026. Essa diminuição está ligada a uma oferta abundante e a uma redução na demanda, em parte provocada pela adoção veloz de veículos elétricos.
Outro item importante é o carvão, cujos preços deverão recuar 27% em 2025, seguidos por uma nova baixa de 5% em 2026. Essa tendência se relaciona à desaceleração no consumo para a geração de energia, especialmente nas economias em desenvolvimento.
No que diz respeito aos alimentos, a expectativa é de uma queda de 7% nos preços em 2025 e mais 1% em 2026. Contudo, essa diminuição não deverá ser suficiente para melhorar a segurança alimentar, pois muitos países vulneráveis continuam a enfrentar dificuldades severas por conta do desamparo humanitário e de conflitos que impulsionam a fome aguda.
Por outro lado, o Banco Mundial também aponta uma tendência interessante: os preços do ouro são esperados para alcançar um novo recorde em 2025, já que investidores podem buscar refúgios mais seguros para seu capital em meio a incertezas crescentes. Contudo, em 2026, a previsão é que os preços se estabilizem.
O Impacto das Quedas nos Preços de Commodities nas Economias em Desenvolvimento
A queda acentuada nos preços de commodities pode trazer um impacto direto em diversas economias, especialmente aquelas que dependem da exportação desses produtos. Quando as commodities se tornam mais baratas, isso não afeta apenas as receitas de exportação, mas também o emprego e os investimentos nas regiões que dependem dessas indústrias.
Uma parte significativa das economias em desenvolvimento baseia sua estabilidade econômica na exportação de bens como petróleo, grãos e minerais. A reversão dos preços pode desencadear uma série de reações em cadeia, reduzindo as capacidades financeiras de governos e empresas locais. Essa situação pode levar à necessidade de ajustes fiscais e cortes em programas sociais que são cruciais para a população.
- Desemprego: Com a diminuição das receitas, muitas vezes há cortes de pessoal nas indústrias exportadoras.
- Ajustes Fiscais: Governos podem necessitar de reformas para manter o equilíbrio fiscal, afetando serviços públicos.
- Desestímulo ao Investimento: Um ambiente econômico incerto pode afastar investidores, complicando ainda mais a recuperação econômica.
Outro elemento a ser considerado é a diversificação econômica. Muitas economias em desenvolvimento precisam urgentemente de estratégias para diversificar suas bases produtivas. Isso inclui a promoção de setores como tecnologia, agricultura sustentável e turismo, entre outros.
Investimentos em infraestrutura também são essenciais para permitir que essas economias sejam mais resilientes às flutuações do mercado. Países que conseguem melhorar sua infraestrutura não apenas conseguem oferecer serviços melhores, mas também atraem mais investimentos, ajudando a criar um ciclo econômico positivo.
Além disso, as economias que priorizam a educação e a formação profissional tendem a se adaptar melhor às mudanças no mercado, criando uma força de trabalho mais qualificada. Isso pode ser um diferencial competitivo importante em tempos de volatilidade econômica.
A Resposta à Volatilidade de Preços no Mercado Global
Os governos e agências internacionais têm um papel crítico em gerenciar a volatilidade nos mercados de commodities. Uma abordagem coordenada pode ajudar a suavizar os impactos adversos. Isso inclui:
- Colaboração Internacional: Os países devem trabalhar juntos para encontrar soluções para questões comerciais e tarifárias que afetam os mercados de commodities.
- Apoio Técnico: Países em desenvolvimento podem se beneficiar de assistência técnica para melhorar suas políticas comerciais e fiscais.
- Programas de Estabilização: A criação de mecanismos de estabilização para suavizar os efeitos das flutuações de preços pode ser vital.
Em resumo, o cenário econômico global está em constante mudança, e as previsões de queda nos preços de commodities exigem uma abordagem estratégica para mitigar os impactos negativos nas economias em desenvolvimento. Para isso, um caráter colaborativo e estratégias inovadoras são fundamentais para garantir um futuro mais estável.
Perguntas Frequentes sobre a Queda nos Preços de Commodities
- Por que os preços de commodities estão caindo? A queda é influenciada pelo enfraquecimento do crescimento global e pela turbulência comercial.
- Quais commodities devem ter os preços mais afetados? Espera-se que os preços de petróleo, carvão e alimentos sofram as maiores quedas.
- Como isso afeta as economias em desenvolvimento? Muitas dessas economias são dependentes da exportação, e a redução dos preços pode levar à diminuição de receitas e investimentos.
- A redução dos preços de energia ajudará na inflação? Sim, a queda nos preços de energia pode moderar a inflação global.
- Quando os preços do petróleo devem cair? A previsão é que os preços do petróleo bruto Brent caiam para US$ 64 por barril em 2025.
- O que os países em desenvolvimento devem fazer? Liberalizar o comércio, restaurar disciplina fiscal e criar um ambiente favorável a negócios são algumas medidas recomendadas.
- Os preços dos alimentos também estão caindo? Sim, esperam-se quedas de 7% em 2025 e 1% em 2026, mas isso não necessariamente aliviará a insegurança alimentar.
- Haverá demanda por ouro em 2025? Sim, os preços do ouro devem atingir um novo recorde, à medida que investidores buscam segurança em tempos de incerteza.
O Cenário Econômico e os Desafios Futuros
Os avanços e as quedas nos preços de commodities refletem um cenário econômico em constante evolução. A volatilidade nas economias locais e globais exige uma adaptação rápida e eficiente. A proposta é estudar as vulnerabilidades e construir um futuro resiliente, onde as economias possam prosperar, mesmo em meio às oscilações de mercado.