Um projeto de lei protocolado por congressistas dos EUA visa oferecer aos usuários uma alternativa para fugir dos algoritmos que determinam como os conteúdos são apresentados nas redes sociais, como Facebook, Instagram, YouTube e Twitter. Este movimento, que é apoiado tanto por democratas quanto republicanos, busca permitir que os usuários evitem a coleta de dados pessoais ao organizar seus feeds de maneira diferente, sendo a linha do tempo cronológica uma das opções sugeridas.
Algoritmo do Facebook pode ser perigoso, dizem senadores
A proposta tem o potencial de alterar a dinâmica das grandes empresas de tecnologia, que históricamente têm usado algoritmos baseados em dados pessoais.
O objetivo central do projeto de lei é proporcionar aos usuários a opção de navegar em suas redes sociais sem a influência das manipulações algorítmicas. Segundo os proponentes, esse modelo pode se tornar vicioso e, em certas circunstâncias, até perigoso, como evidenciado pelos eventos que culminaram na invasão do Capitólio.
“Os consumidores deveriam ter a opção de interagir com plataformas de internet sem a manipulação de algoritmos secretos e o uso de seus dados pessoais”, afirmou o senador republicano Ken Buck, um dos responsáveis pela proposta.
Por outro lado, o senador democrata e coautor da lei, David Cicilline, também criticou as prioridades das plataformas: “As empresas priorizam o lucro em detrimento de tudo”, referindo-se especialmente ao Facebook. Estas inquietações foram corroboradas por Frances Haugen, ex-gerente da empresa, que vazou documentos importantes que expuseram graves falhas de governança.
Cicilline ainda adicionou à Axios: “Devido ao monopólio exercido por essas plataformas, os usuários ficam presos a poucas alternativas, seja na forma de feeds sociais com anúncios direcionados ou nos resultados de busca.”
Projeto de lei sugere linha do tempo cronológica
Embora o projeto de lei não estabeleça um novo algoritmo específico para ser adotado nas redes sociais, muitas vozes, incluindo a própria Frances Haugen, sugerem que a hierarquia de posts em ordem cronológica seria uma solução viável.
No entanto, a lei se aplica a qualquer aplicativo ou serviço que faça uso de algoritmos baseados em dados pessoais, o que levanta preocupações sobre possíveis impactos negativos em plataformas que não se encaixam exatamente no modelo das redes sociais.
Tomemos como exemplo a Netflix: a proposta impediria que a plataforma sugerisse filmes e séries com base nas preferências do usuário, forçando-a a reestruturar seu sistema de recomendações com base em datas de lançamento — algo que remete à era das locadoras.
Vale lembrar que o Facebook já executou um teste para eliminar seu feed de notícias convencional. Em 2018, com base em documentos vazados por Haugen, ficou demonstrado que a rede social alterou temporalmente o algoritmo de alguns usuários para permitir uma organização cronológica dos posts.
Os resultados foram reveladores: a maioria dos participantes desse experimento navegou menos e, consequentemente, utilizou menos o Facebook no geral. O que mais chamou a atenção foi que, durante o teste, o feed se tornou um mural dominado por publicações de grupos e páginas, enquanto os posts de amigos e familiares ficaram quase em segundo plano.
Com informações: Axios, Gizmodo
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Impacto para o Mercado Digital
Entre as consequências diretas do projeto de lei, o impacto no mercado digital se torna uma questão central. Os algoritmos não só direcionam o conteúdo que os usuários veem, mas também afetam a monetização das plataformas. Com menos dados coletados, surgem novas perguntas sobre como as empresas poderão continuar gerando receita.
As redes sociais dependem dos anúncios direcionados para sua sustentabilidade financeira e, se estas forem obrigadas a oferecer opções alternativas que não envolvem algoritmos baseados em dados, uma mudança significativa na estrutura de negócios dessas empresas poderá ocorrer.
Desafios e Oportunidades para Empresas
Este novo cenário apresenta tanto desafios quanto oportunidades para as empresas de tecnologia. Por um lado, as plataformas precisam se adaptar a um ambiente onde as escolhas dos usuários ganham mais peso. Por outro lado, isso pode levar a uma experiência mais saudável e menos dependente dos algoritmos, potencialmente melhorando a relação entre usuários e plataformas.
As empresas que se adaptarem de maneira proativa poderão se beneficiar ao criar novos modelos de negócios, explorando alternativas criativas para gerar receitas enquanto mantêm os interesses dos usuários em mente.
Reposicionamento das Marcas e Estratégias de Marketing
Pela primeira vez, as marcas podem se ver obrigadas a se reposicionar em um mercado onde elas não podem mais confiar apenas em dados demográficos e comportamentais apropriados para se comunicar com seus consumidores. Isso exigirá um repensar das estratégias de marketing, colocando em primeiro plano a criação de relatórios transparentes sobre como os dados são utilizados.
Além disso, a necessidade de maior transparência pode estimular uma competição mais saudável entre as plataformas, incentivando-as a desenvolver soluções inovadoras para retenção e engajamento de usuários.
Percepções do Consumidor e Futuro das Redes Sociais
As percepções dos usuários em relação às redes sociais estão em constante evolução. Cada vez mais usuários estão cientes dos impactos que os algoritmos têm em seu consumo de mídia. Essa conscientização é fundamental e está diretamente relacionada a como as empresas geram e utilizam dados.
O futuro das redes sociais pode ser mais dinâmico, onde os usuários não apenas consomem, mas também têm uma palavra ativa na estrutura de como o conteúdo é apresentado. Esse pode ser o primeiro passo para um ecossistema mais equilibrado que respeite a privacidade enquanto ainda proporciona uma experiência atrativa.
FAQ sobre o Projeto de Lei e Algoritmos de Redes Sociais
- O que é o projeto de lei? O projeto de lei propõe que redes sociais permitam aos usuários escolher alternativas aos algoritmos que organizam seu feed, como uma linha do tempo cronológica.
- Por que o projeto está recebendo apoio bipartidário? Tanto democratas quanto republicanos veem a necessidade de aumentar a transparência e autonomia dos usuários sobre os dados pessoais.
- Como isso afetará a forma como vemos conteúdo nas redes sociais? Usuários poderão optar por uma visualização menos algorítmica, possivelmente priorizando publicações mais relevantes de amigos e familiares.
- A qui está o maior impacto da mudança? A mudança poderá impactar a receita das redes sociais, já que elas dependem de anúncios direcionados para monetização.
- Quais consequências isso pode ter para outras plataformas? Isso pode obrigar plataformas como Netflix a mudar suas estratégias de recomendação, potencialmente limitando a personalização baseada em dados.
- A linha do tempo cronológica é eficaz? Testes anteriores mostraram que a visualização cronológica pode resultar em menor engajamento dos usuários.
- Quais são os riscos de um algoritmo menos personalizado? O risco é que os usuários possam ser expostos a conteúdos menos relevantes e atualizados.
- Como as empresas de tecnologia podem reagir a essa mudança? As empresas precisam explorar novas formas de monetização e repensar como utilizam dados para engajar os usuários.
Um Novo Caminho para as Redes Sociais
Este projeto de lei pode ser o início de uma transformação significativa na forma como nos relacionamos com as plataformas digitais. Ao reequilibrar a relação entre usuários e empresas de tecnologia, teremos oportunidades de melhorar nossa experiência online, garantindo que a privacidade seja respeitada sem abrir mão da interação e do engajamento. A sustentabilidade desse modelo, no entanto, dependerá da adaptação e inovação contínuas de todas as partes envolvidas.