A desinformação sobre vacinas, especialmente em tempos de pandemia, tem gerado preocupações globais. Recentemente, uma agência de marketing da Rússia, a Fazze, foi alvo de polêmicas por ter contratado influenciadores para espalhar informações erradas sobre as vacinas contra a COVID-19. O Facebook anunciou que baniu a agência, removendo 308 perfis falsos associados a essa rede de desinformação. O YouTuber brasileiro Everson Zoio, com uma considerável audiência, foi identificado como um dos influenciadores que disseminaram críticas à vacina.
YouTuber tornou vídeo com críticas à vacina “privado”
As investigações realizadas pelo Facebook revelaram que a rede de perfis falsos gerida pela Fazze funcionou em diversos fóruns online, com base na Rússia e focada principalmente na Índia e na América Latina. Everson Zoio, que conta com 13 milhões de inscritos em seu canal do YouTube e 3 milhões de seguidores no Instagram, é um dos influenciadores brasileiros comprometidos com essa campanha.
No vídeo em questão, Zoio critica a vacina da Oxford AstraZeneca, alegando que sua eficácia é inferior a outros imunizantes, além de levantar dúvidas sobre o uso de adenovírus de chimpanzés na formulação da vacina. Entretanto, a Universidade de Oxford declara que a vacina é 100% eficaz na prevenção de casos graves de COVID-19.
Recentemente, o YouTuber tornou o vídeo em que questiona a eficácia da vacina da AstraZeneca em um status privado, tornando o acesso restrito. Antes, ele já havia removido outro vídeo que criticava a vacina da Pfizer.
Russos atacaram vacinas da AstraZeneca e Pfizer
O Facebook documentou como a campanha da Fazze se dividiu em duas fases distintas. Na primeira fase, entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, perfis falsos postavam memes afirmando que a vacina da AstraZeneca transformava pessoas em primatas. A segunda fase da campanha, ocorrida em maio de 2021, focou na vacina da Pfizer, utilizando um suposto documento vazado da AstraZeneca que sugeria que o imunizante da Pfizer estaria associado a um número maior de mortes.
As contas inautênticas foram criadas em “fazendas de contas”. Por exemplo, a maioria dos usuários na Índia pareciam ser de Bangladesh e do Paquistão, mas se apresentavam como indianos. Algumas postagens até misturavam idiomas, pois, enquanto o conteúdo era em inglês, as hashtags eram em português.
Entre 14 e 24 de dezembro, a investigação coletou 10 mil postagens relacionadas à vacina da AstraZeneca. O Facebook notou que, apesar da grande quantidade de publicações, a campanha não obteve o engajamento esperado. Somente cerca de 24 mil pessoas seguiram as contas do Instagram conectadas à Fazze.
Além do Facebook e Instagram, as investigações também mostraram que a rede de desinformação estava ativa em outros sites e fóruns, como Reddit e Medium. Duas petições foram criadas na plataforma Change.org para propagar rumores sobre as vacinas, uma em hindu e outra em inglês, com poucos signatários.
A Fazze tem vínculos com a empresa de marketing digital russa AdNow. Embora tenha um escritório no Reino Unido, ela também possui representantes na América Latina, incluindo um no Brasil. Até o momento, nem a AdNow nem a Fazze comentaram sobre as acusações. O YouTuber Everson Zoio também não se manifestou sobre o assunto.
Táticas de desinformação e suas consequências
A disseminação de desinformação, especialmente relacionada à saúde, pode ter consequências sérias. Durante a pandemia de COVID-19, uma quantidade alarmante de conteúdos falsos circulou nas redes sociais, impactando a percepção pública sobre vacinas. Essa campanha específica da Fazze exemplifica como influenciadores podem ser mal utilizados para propagar informações enganosas, levando a hesitação vacinal entre a população.
As campanhas de desinformação muitas vezes exploram medos e incertezas para atrair atenção e engajamento. O uso de memes e postagens virais, que aparentam ser humorísticos, esconde mensagens mais perigosas que podem influenciar o comportamento das pessoas bastante de maneira negativa.
É crucial para influenciadores e usuários de redes sociais estarem cientes das suas responsabilidades ao compartilhar informações. A propagação de boatos pode ter impactos profundos, especialmente em questões que envolvem a saúde pública.
Além disso, a atuação de plataformas como Facebook e Instagram em identificar e banir essas práticas é um passo importante no combate à desinformação. No entanto, a eficácia dessas ações muitas vezes é questionada, uma vez que novas contas podem ser criadas facilmente, permitindo que a desinformação continue a circular.
A importância da educação digital
A educação digital é uma ferramenta crucial para equipar usuários da internet com habilidades de pensamento crítico. Reconhecer informações falsas e entender a origem de um conteúdo pode ajudar a mitigar o impacto negativo da desinformação. Incentivar uma cultura de verificação de fatos e promover fontes confiáveis de informação deve ser uma prioridade em tempos de crises, como a atual pandemia.
Existem várias maneiras de os usuários se protegerem contra a desinformação. Usar recursos como sites de verificação de fatos, consultar profissionais de saúde e buscar informações em fontes acadêmicas ou governamentais são algumas das ações que podem ser tomadas.
Portanto, ao enfrentar a desinformação sobre vacinas e outros temas importantes, a responsabilidade é compartilhada entre plataformas digitais, influenciadores e o público geral. Conscientizar-se sobre a necessidade de um consumo crítico de informações é fundamental para o progresso da sociedade e a proteção da saúde coletiva.